sábado, 23 de dezembro de 2017

A DIFERENÇA


Vou jogar tudo pro alto e fazer da vida uma viagem de férias. Vou cair no asfalto; vou dirigir até o fim do combustível; vou evitar as coisas sérias; vou fazer de meu dia uma alegria possível. Conjugarei meu verbo com minhas próprias desinências; serei um soldado que não dá continências; serei um homem livre; a regra, agora, não importa, pois, fiz a escolha certa; sou eu quem abre e fecha a minha porta.
Mas, ensinaram-me a ser como os demais. Que a igualdade faz a crença, e que ela é o laço apertado, o segredo do cadeado; a confissão na igreja da matriz; ela é uma antiga feiticeira e uma velha meretriz.
Fechei os olhos para o outro; sim, esse outro que não se cansa nem se quebranta; o outro que é tu e eu, pois, dizem que as aves de rapina não se fadigam na campina. Tua carniça é degustada todas vezes que corres solto. Tua moral, teu bem e teu mal são a cobiça de minhas retinas.
Ah, amiga diferença! ah, amiga estranha! A repudiaram na primeira quadra antes da menina dobrar a esquina.
Mas, tu te dizes livre! Mas tua liberdade ninguém tira, mas tua paciência não tem fim, mas tua agonia é mentira. Mas como tu te enganas, ó, homem de dores! Tu iludes a ti e a mim! Quem sabe encontres um nova cidade. Quem sabe acordes do sonho. Quem sabe alguém nos diga alguma verdade. A afirmação do luto me torna menos bruto, isso é um fato, contudo, nada disso altera o cardápio, todos os dias temos o mesmo prato, nada esquisito, nada estranho. É tudo a mesma coisa! Mas, no entanto, sou mil abelhas e uma colmeia.
E se eu desse certo? E seu eu fosse eterno? Toda eternidade será castigada no primeiro segundo! E se eu pudesse pesar o mundo, e se eu pudesse dizer tudo diferente, tratar você como meu parente com certeza tudo seria melhor!
Mas, repito vou jogar tudo para o alto e fazer da vida uma viagem de férias...