terça-feira, 13 de novembro de 2018

A TORNEIRA

No teu olhar, o olhar do outro, a presença minha se oculta em tuas conjecturas.
Silencia o coração do solitário fabricante de ilusões.
Pergunto, e o caos atende-me quando clamo.
As sombras são pessoas que passam por aí.
E, o doce da manhã, amarga ao meio dia, no meio fio de uma calçada quente.
Cuspiram lá.
Deixaram a poeira de suas preocupações.
Estamos perdidos na razão Pós-Moderna.
Invertemos as coisas?
Criamos outro homem?
Não!
As baratas habitarão o mundo e o encherão de baratinhas.
Os escorpiões farão suas casas em nossas camas.
Se não acordarmos do anátema de sermos humanos exageradamente.
Tente!
Juntamos pedras e delas fizemos naves espaciais.
Somos senhores das máquinas.
Mestres sobre a vastidão do planeta.
Empolgados pelos nossos delírios megalomaníacos, nos esquecemos de fechar a torneira.
A água se foi, e morremos de sede...

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

O CAOS VOLTOU

O CAOS VOLTOU
A ordem é um retrato batido; um quadro exibido nas ruas, nos peitos, nas mentes, pelas bocas dos filhos do verbo. O modelo é uma ordem ordenada pelos que passaram na estrada da diferença. Toda diferença vira a mesma coisa pela força do que não existe – o tempo; ou pela coação da espada, ou do hábito, ou do sorriso.
Disseram-me que existiam dois irmãos, o primeiro era bonzinho e o segundo, vil, tão vil como a morte. O que é bom não é tão bom quando as coisas apertam no meio do nada numa estrada com a testa suada e falta d’água, e falta de sorte.
Calo-me diante da sabedoria do modelo e a astucia da diferença – toda diferença é ousada, é como uma mulher honrada vestida de meretriz. E, às vezes, fico sem assunto, e invejo o irmão sapo que muito pouco entende o porquê de pular muito.
Dizem que as cópias enchem a terra, dizem que a tua cabeça é tão pesada quanto o mundo, pois cá dentro, o tirocínio é um tirano sem imaginação. Todo sonho vira ilusão e, agora, toda criança cresce adulto sem brincar de pega-ladrão - Isso não é mais igual a aquilo, não é mais a mesma coisa, contudo, tem as marcas na pele como as de um rosto cicatrizado depois de muito ferido. Então, surge do Nada, o velho nada que fala muito, e diz ainda mais: “Todo retrato tem seus cantos, seus ângulos, seus valores, e suas diagonais”. E o nada, mais uma vez, declama o poema da utopia, ou, também, da agonia, da despedida sem dizer nenhuma adeus ou escutar alguma melodia.
O nada, o caos, a ordem é tudo a mesma coisa é só mudar a perspectiva. É uma questão de percepção. Disseram-me, recentemente, que somente existem duas forças. São duas manifestações da mesma coisa em lugares e estados diferentes, todavia forças completares.
Disseram-me que o perceber é uma questão de lente, de opinião, pois cada cabeça é uma caixa cheia de meninos e meninas correndo sem medo ou assustadas com a velha feia que acaba o sonho.
Disseram – me; eu pouco ouvi, pois, quando acordei cedo de manhã na terra só haviam ruínas e escombros, e os homens começando tudo de novo...