sexta-feira, 27 de abril de 2018

A GEOGRAFIA DA ARTE

A geografia da arte.
Um delírio do pensamento racional
É comum ouvir-se dizer que o artista entra em crise ao parir seu objeto. Outros alegam que a arte vem dos deuses, portanto, é um inspiração divina. E, ainda, outros alegam ser arte produto da interação com o meio. Este pedagogo convencido que sua pessoa tem paciência de ler seus delírios deseja dizer sobre a geografia da arte. Deleuze já nos disse da geografia do pensamento. Ora, a arte para mim tem como essência o pensamento, ela é mais real e concreta na mente humana, e só pode ser vista, absolutamente, no espaço de nossa imaginação, pois, seus vapores emanam dos lugares mais profundos da mente humana.
Meu caro Souza, uma vez instaladas as condições no espaço para sua criação, a peça artista desabrocha no tecido de nossa tela mental como um pequeno botão de flor que se destaca no cenário de um jardim multiflorido. Está no espaço o meio do artista; é nele que o mesmo vive e interage com o mundo. Não é à toa que os artistas tem a tentação permanente de contar sua história, dizer de seu mundo. Assim, para este pedagogo, o espaço da arte é o espaço da geografia da arte a semelhança do da geografia do pensamento, muito bem colocado pelo pensador francês. Este é o lugar onde as relações humanas revelam suas diferentes tensões, de diferentes níveis de realidade, e se intercruzando formando um nó matriz de diferentes sentidos. Para Deleuze pensar é refletir sobre qualquer coisa partindo de um ponto teórico filosófico para estabelecer relações dialogistas com uma rede de saberes com fins de encontrar o novo. E para isso ocorre por parte do pensador um procedimento de aproximação e afastamento, um torcer o dito para produzir o sumo do novo dito – um pensar da diferença. A diferença no pensamento não é a síntese de uma história do pensamento. Não é um dizer diferente sobre a mesma coisa que é o mesmo que dizer o mesmo; uma permanente repetição da filosofia da representação. Em Deleuze, dizem os mestres da academia, que o fim do pensamento modelar ou o pensamento modelo é inevitável. Para Deleuze, a história da filosofia não passa da História da repetição de modelos de pensamentos que são, na essência, a mesma coisa – uma história da metafísica ou uma representação de um mundo engessado pelos próprios pensadores que o construíram.
A arte vista nesta perspectiva como a materialidade do pensamento tem, portanto, sua geografia, seja no espaço do modelo cujo deus é o tempo e sua revelação a historiografia humana, ou no espaço estranho onde todos os modelos se diluem perante sua epifania. A arte dos deuses não reflete sobre as relações de tensão e contradição nas diferentes amarrações da estruturas que sustentam o espaço ou que justificam sua geografia.
É no espírito do artista, a mente geradora, com seus diferentes dados psíquicos que constituem seu campo de realidade no mundo que o procedimento de criação da arte se instaura, mas, isto só lhe é possível se este ver a diferença no modelo. É este um procedimento de pensar a diferença ou de criação do novo. Assim amigo Souza hoje entendo ser a arte uma captura da realidade em uma estética da diferença. Não sei se digo certo, mas, não contemplo a arte sem uma estética que ressalte aos meus olhos como algo novo mundo.