domingo, 17 de setembro de 2017

HOMOFOBIA

Capim seco e molhado.
Palha espalhada na mata sinistra.
Ermo maldito, cenário de bandidos.
Mato pisado por homens; Entes sem mentes, sem Deus.
Fios de cabelos em um lenço cor de rosa.
Um corpo trêmulo diz sua última prosa .
– Ele era tão bom. Pena que era gay!


Uma ponta de cigarro fumada com mão trêmula.
Último segundo de uma vida inteira.
Uma tragada derradeira de misericórdia.
Final de um mal, um mal aceitável.
– Era só um cigarro!


– Ele nada fazia contra ninguém!
– Ele vivia a vida a seu modo!
Um estalo acorda as corujas.
Risadas de vingança e ignorância escandalizam os morcegos.
– Menos um no mundo! Tudo vai melhorar!
Um carro sai na escuridão iluminada por lanternas elétricas.
Alguém ficou lá.
– Onde?
– Lá!
Aquele lugar de loucura e falta de paz.
De cegueira e preconceitos.
De gente caolha, sem orelhas, sem espelhos em casa.
Aquele lugar que muitos passam e ficam.
De algum modo ficam.
Esquecidos num passado recente.
Adormecidos por compulsão.
Pela força de uma explosão de pólvora.
Ou pelo frio metal afiado, ou um caco de vidro quebrado.
Um jeito fácil de ser racional; pensam alguns.
Uma peça de necrotério.
Um fantasma ambulante.
Um retrato do mundo.
Mais um assassinato.
Menos um irmão diferente.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Milagre

“No Brasil, a maioria da classe política acredita que a formula mágica para enfrentar a crise é retirar os investimentos, aumentar os impostos, e legislar segundo os patrões sem ouvir o trabalhador. Eis o milagre da direita brasileira! Os 14 milhões de desempregados aguardam outros tantos filhos deste milagre”.