sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

PASSEIO

Aquele lugar era um quadrilátero.
O meu andar era trôpego como de um etílico descendo um beco escuro.
As pessoas sonham com o bem.
Contudo, estão presas em cantos de cimento de concreto e pedra.

Meus pés calçados de nudez e carne trêmula,
Não se cansam de caminhar na mesma longitude e latitude.
Desgastam-se sem consolo pela força de suas licitudes.
As solas de meus sapatos se desgrudam do mesmo como a manteiga derretida pelo sol.
Preciso de ti; não sei quem és; a espera, o silêncio, o desconfiar é minha atitude.
Ou quem sabe, preciso eu de uma mula que me suporte o peso da solidão.

Os homens buscam companhia.
Uma voz que lhes quebre o silêncio da impessoalidade urbana.
O passeio na braça à tarde é rotina;
O que esta em meu estômago é suco gástrico e azia.

As cidades têm suas praças.
Seus homens; seus passos.
Eu mesmo não disfarço.
Grito sobre seus bancos minhas desgraças:
“Essa é a sorte dos filhos de adão!”


Meu amigo onde está tua mão?

O mundo tem mais pessoas e menos gente.
Tem mais passeios que corações contentes.
Suas faces se escondem em máscaras;
Máscaras que caminham até o poente.
No fim do dia, o passeio acaba…

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