quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

LEMBRANÇAS

A janela de seu quarto era uma moldura.
Moldura de beleza estranha.
Beleza da estranha.
Aquela que se tornou tão íntima que quando me mudei de prédio senti muitas saudades.
Às vezes parecia uma rosa.
Uma cheirosa rosa de todas as manhãs.
Às vezes era um rosto que me suscitava recordações.
Lembranças de alguém.
Além.
Ali.
Ou quem sabe, cá no peito, aqui.
Um dia a janela foi fechada por dentro.
Em vez da moça,
Uma vidraça fria.
Ou quente no meio do dia.
Sol de saudades.
Saudades da moça.
Da janela moldura.
Das lembranças despertadas.
Depois me mudei também.

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