quinta-feira, 24 de novembro de 2016

ANA NINGUÉM

Choveu muito esta semana.
Os pingos de chuva contaram uma história recente.
A que muita gente sente.
Sente o peso.
sente o preço.
A água ganhou vida na casa.
Ganhou forma de verbas perdidas.
Ela não falava coisas amigas.
Seu barulho acordou o menino.
Os velhos só puderam rezar.
Que azar!
O brasileiro limpa tudo.
No outro dia volta a sonhar.
Virá uma fada.
Safada.
Já devia ter vindo antes.
Demorada senhora envelhecida pelos séculos.
Até o cacique esperou por ela.
As penas se tornaram poeira.
Contei para os curumins a estória de Cinderela.
Mas na verdade seu nome era Ana.
O barranco desceu.
A gravidade não falhou.
A casa sumiu.
E Ana também.
Choveu muito estes dias.

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